quinta-feira, 24 de maio de 2007

Mário Lino justifica Ota por margem sul ser “um deserto”

O nosso queriducho Mário Lino (esse homem brutalmente inteligente), que em Maio já gastou metade do orçamento planeado para este ano, disse, para a edição do Jornal de Negócios de hoje, e passo a citar:

«Na margem sul não há gente, não há escolas, não há hotéis, não há cidades, não há actividade

Ou,

«Não podemos construir o aeroporto num deserto

Ou,

«Para construir o aeroporto na margem sul era preciso transportar para lá milhares de pessoas

E a melhor:

«O aeroporto na margem sul era o mesmo que transformar o Norte do Alentejo em Brasília

...

Ora bem, agora que já me acalmei, depois de cinco minutos às gargalhadas, vou tecer os meus comentários venenosos de “margem sulense”! Eu, que, à laia da aborígene, cresci, descobri agora, em pleno deserto.

Meditando sobre o revelado, é verdade, sim senhor. Ainda por cima, apesar de ser Montijense, parte da minha família é precisamente da zona de Pegões e Poceirão, esse terrível deserto inóspito onde alguns malvados queriam colocar o aeroporto. Pessoalmente, nunca concordei que o aeroporto fosse lá por duas questões:

a) Provavelmente irei herdar um terreno lá para esses lados, e queria lá construir a minha mansão bxana, com 15 quartos e 20 salas de estar;
b) No Rio Frio situa-se o maior montado da Europa. Era chato cortar as árvores. Pronto.

Mas nunca, em tempo algum, me tinha ocorrido que era mau, e cito novamente, “não haver gente, não haver escolas, não haver hotéis, não haver cidades, não haver actividade” na margem sul. Note-se, ele fala da margem sul no global. Essa entidade autenticamente saída de um filme de Tim Burton, ou mesmo da série Twin Peaks...
Confesso que quando era cachopa, não tinha um único amigo... é dificil fazer amigos no deserto... é só cactos e camelos...

Aprendi a ler com uma tia-avó meio cegueta, já que não haviam escolas... nos dias de tempestade de areia enfiava-me na toca (as nossas casas eram escavadas na rocha, e faço já o alerta que Petra é uma reles imitação da nossa sociedade “margem sulense”) e sonhava com o que seria um hotel... uma escola... uma pessoa!

E aquela parte magnífica: “Para construir o aeroporto na margem sul era preciso transportar para lá milhares de pessoas.” Que dizer perante isto?

É verdade, a margem sul tem um défice de pessoal. São poucos os que querem viver numa zona tão isolada do mundo. Nada a ver com essa Las Vegas de Portugal – a Ota. Aliás, a TVI está mesmo interessada (e já contratou o J.P. Cerdeira para o efeito) em produzir o CSI Ota.

Encerro com aquela que me pareceu a frase mais dramática de ML: “O aeroporto na margem sul era o mesmo que transformar o Norte do Alentejo em Brasília.”

Seria, realmente, complicado. Brasília, essa cidade com tantos séculos de história, que cresceu ao longo de tantos e tantos anos, que teve um processo de colonização tão longo... aliás, escavações arqueológicas comprovam que os “Brasilianos”, já na Idade do Cobre, estavam preocupados com os problemas de emigração.

Tinha muito mais para dizer, mas basta ler estas pérolas do amigo Lino, para constatar o óbvio: temos ministros bem parvos, mas um anormal deste calibre, não é todo o governo que tem...

Miaus aborígenes!
Adenda: Quando eu pensava que o festival de disparates não podia piorar, eis que Almeida Santos brinda-nos com este comentário (no Público on-line):
O presidente do PS, Almeida Santos, invocou esta noite os riscos de segurança para rejeitar a construção de um aeroporto a sul do Tejo, advertindo que a destruição de uma ponte num atentado terrorista poderia cortar a ligação entre as duas margens do rio.
"Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país", declarou Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS.
...
Eu também não quero que o Aeroporto vá para a Margem Sul. Só que, para além de nunca me ter apercebido que vivia num deserto, também não sabia que se tratava nada mais nada menos que a Faixa de Gaza.

10 comentários:

Maharet disse...

Jamais!! (deverá pronunciar-se com pronúncia francesa)

Undisclosed Recipient disse...

Eu sei que escapa ao óbvio (que é eu concordar contigo, Samouqueira que sou!), mas porque é que vais fazer uma casa com mais salas que quartos?

marta, a menina do blog disse...

http://www.wenham-wonderland.net/

Achei que precisavas de te animar...

Rita disse...

Em vez da mansão podias mandar construir um Oásis, já imaginaste um laguinho rodeado de palmeiras e cocos... com o tempo magnífico e o calor que faz na Margem Sul quer de Verão quer de Inverno dava jeito para uma bxana se refrescar.

peace_love disse...

Realmente as razões que o homem deu, não lembram a ninguém..nunca deve ter saído da capital..coitado.

Mas realmente não sou fã da ideia de ter um aeroporto aqui por perto..gosto de sossego!

Casemiro dos Plásticos disse...

esse homem é estupido como merda!
na margem sul era porreiro porque desenvolvia a margem sul ya? enfim
senão forem p'ra lá é claro que não vai haver lá nada!

Vegana da Serra disse...

Bxana (ou deverei chamar-te beduína?), este dia foi magnífico para o humor português! E ainda dizem que somos um país de cinzentões!

Anónimo disse...

Eu até comentava, mas ainda não consegui parar de rir!...

Enfim... disse...

esse homem devia vir mais vezes a essas zonas e levar com um pau pela cabeça enquanto olhava o deserto que é bahhh gente parvinha pá fogo

enfim...

bom fim semana

Miss Alcor disse...

Post simplesmente genial! Mai nada!
Adorei!
Lindo!

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