quinta-feira, 18 de junho de 2009

Livros para aquecer (e fazer rebentar) os neurónios

Certo dia, estava numa aula de Literatura Clássica, ouvindo o professor (a quem carinhosamente chamávamos de "Cícero", porque o nome me fazia lembrar o porquinho sobrinho do Porky) recitar - pela milionésima vez - algumas das partes mais secantes da Ilíada. Todos odiávamos aquilo (até porque a Ilíada traduzida em português tem tanto interesse como Os Lusíadas traduzidos em havaiano)mas estavamos caladinhos, a tentar não adormecer em cima da caneta.

Até que uma corajosa e louca colega põe o braço no ar, e diz:
"- Desculpe professor, mas não dá. Isto é a coisa mais intragável que eu alguma vez li."

Houve um som de surpresa geral, não porque ela estivesse a dizer uma verdade suprema, mas porque tinha tido coragem de dizer a verdade (suprema). Escusado será dizer que o professor ia tendo uma apoplexia.

Curiosamente, essa aluna chumbou o ano.

A verdade é que não deveriamos ter medo de dizer a verdade. Há livros imortais que deviamos idolatrar, mas que são CHATOS até ao inimaginável. Fazem-nos desejar a morte. Ou a morte de quem os escreveu.

Alguns exemplos:

1. Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco.
Uma seeeeeeeeeeeeeeeca. Argh! Li o bicho todo, mas custou-me a esfolá-lo...ufa!

2. O Processo, de Frank Kafka.
Confesso. Só li umas 15-20 páginas. Depois dessa experiência, comecei a valorizar muito mais a vida.

3. Eurico, O Presbítero, de Alexandre Herculano.
Não há palavras para definir a "intraguiabilidade" desta obra. É simplesmente impossível de ler, sem ter um derrame cerebral, ou ter comportamentos suícidas. Ou estar drogado. Sim, talvez seja uma boa solução.

4. Os Miseráveis, de Victor Hugo.
O Victor Hugo era um génio. Mas não acho justo ele ser conhecido pela sua obra mais secante. Ai transformaram aquilo num musical? Também transformaram O Paciente Inglês num filme, e se acham o filme parado, tentem ler o livro que lhe deu origem...se conseguirem.


Mais achas para a fogueira: Conseguem lembrar-se de algum livro que vos tenha aborrecido de morte?


Miaus!!!

7 comentários:

peace_love disse...

Epá, o processo do kafka também li, mas aquilo foi tão custoso, que agora já nem me lembro sobre o que é..lembro-me que era uma confusão danada.

Livros que aborrecem...olha, "Os Maias" do Eça de Queiroz...Tive de ler isso no 11º e bem..as primeiras 150 páginas são uma monumental seca. O gajo descreve tudo, tudo ,tudo...mas literalmente TUDO. Quase no fim é que se torna interessante..
"Memorial do Convento" do Saramago também não é fácil de digerir...mas a história não é má.

caditonuno disse...

essa colega chumbou o ano, mas foi mera coincidência. lol

um dos piores foi um livro de virgílio ferreira, que nem me lembra o nome. dei-o praí no 11º ou 12º. cada frase tinha praí 3 palavras. havia frasem com simplesmente SIM. ou NÃO.

secaaaaaa...

Rita disse...

"Os Versículos Satânicos" muito p'ra trás e depois p'ra frente e depois muda tudo e vira e revira e às tantas já não sabes a quantas andas...
Jokas

Miss Alcor disse...

Eheheheh!
Também TENTEI ler o Processo, mas ainda não fu bem sucedida! :D
Quanto a livros chatos, tenho de falar do impossível "Os órfãos do mal", de Nicolas D'Orves (põe chato nisso!) e as "Viagens na minha terra" do Garrett!
;)

Unknown disse...

O Processo é mesmo uma seca total!!! Li-o há uns meses atrás porque toda gente dizia que o devia ler...tretas...só o li todo porque obriguei-me (aqui que ninguém nos ouve, saltei algumas páginas para acabá-lo mais depressa)!!! Não gostei e não percebo a admiração pelo livro.

Outro livro que me custou imenso a ler foi o Lolita de Nabokov. Depois de ver o filme do Kubrick e a versão com o Jeromy Irons pensei que seria uma leitura bem interessante. Mas não...apesar de o ter lido há uns bons 10 anos lembro-me que levei imensas semanas para acabar de o ler, era mesmo intragável!!
Bjs

Rachelet disse...

A minha resposta seria a do caditonuno - A Aparição.
O pior é que toda a gente que leu/estudou esse livro execrável (que saía no exame do 12º, em alternativa à Sibila ou ao Memorial do Convento) o adorou, o que me fez sentir que eu é que era uma burra fútil que não sabia apreciar os bons livros (e curiosamente, a única que seguiu Letras no ensino superior).

Mel disse...

eh pá, o livro de ponto conta?
qualquer livro que eu tenha que ler por obrigação me parece intragável...

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